PANEGÍRICO À PRESENÇA DE JESUS NO MUNDO

21/04/2012 01:36

Apesar do efetivo apreço e da confessada admiração que votamos à inteligência humana, somos compelidos a reconhecer que ela ainda não dispõe de capacidade suficiente para bem avaliar a divina grandeza do Espírito de Jesus. Isso talvez explique por que tantos intelectuais ilustres tentaram e tentam minimizar o significado do Evangelho no contexto da evolução planetária, embora nenhum jamais tenha ousado negar-lhe a inigualável expressão moral e a profunda influência na história dos povos. Buscam, porém, ignorar-lhe a inapreciável contribuição nos campos da Ciência, da Filosofia e do Direito, procurando limitá-lo às dimensões de apenas uma religião, dentre as demais religiões humanas. Vivemos, porém, a época de se aferir melhor a realidade dos fatos, para que a verdade e a justiça prevaleçam, no interesse da Humanidade.

 

Antes de avançarmos outras considerações, reputamos de suma importância ressaltar aqui a extrema simplicidade, a completa humildade, a pobreza, o desatavio e a singeleza com que Jesus marcou, de modo iniludível e indelével, a sua presença e o seu messianato neste mundo. Ele não teve sequer onde reclinar a cabeça. Nada possuiu de material, nenhuma propriedade, nenhum dinheiro, nenhum bem. Cercou-se da gente mais inculta de um povo social e politicamente subjugado.

 

Reuniu em torno de si amigos rudes e iletrados da região mais pobre do Império Romano.

 

Falou sempre na linguagem mais simples que alguém jamais usou e, sem nada ter escrito com as suas próprias mãos, tudo deixou registrado no coração e na memória dos que lhe ouviram a palavra e testemunharam o exemplo.

 

Peregrino paupérrimo, sem bolsa nem cajado, título ou dinheiro, jamais ocupou qualquer cátedra, nunca teve a mínima parcela de poder mundano, não possuiu qualquer diploma de escolaridade, foi coroado apenas com espinhos, publicamente açoitado como se fosse um bandido e finalmente pregado numa cruz infamante, como se fosse um ladrão.

 

Foi assim se apresentando e assim agindo que dividiu as eras terrestres em antes e depois Dele, como ninguém jamais o fez, permanecendo para sempre como a maior presença, o mais alto marco, a mais elevada e imorredoura expressão de toda a História Humana, em todas as épocas do mundo.

 

Como conseguiu isso? Convidamos os intelectuais do mundo inteiro a considerar seriamente esta questão: — como foi que Ele o conseguiu? Por que quanto mais o tempo passa, mais é lembrado, mais é amado, mais fortemente se faz o centro vivo de todas as civilizações, de todas as controvérsias filosóficas, de todas as discussões religiosas? Como seu nome e seus ensinos, ao invés de morrerem na pobre Palestina, se firmaram em todo o Império Romano, depois em todo o Ocidente e já agora em todas as regiões do nosso mundo? Que Homem foi esse, que disse e que fez, para produzir tão indescritível e permanente comoção, cada vez maior, mais conseqüente, profunda e irresistível?

 

Não é verdade que se pudéssemos somar todos os grandes gênios, todos os grandes "santos" e todos os grandes guerreiros, a todos os estadistas, reis, poetas, músicos, cientistas e filósofos, toda essa majestosa plêiade representaria pálida legião de glória e poder, se fosse confrontada com o poder e a glória do Cristo-Jesus, a quem o próprio tempo, que a tudo o mais destrói, só acrescenta honras divinas?

 

Não será que o Cristo cresce, a cada dia, diante dos olhos e do coração dos homens, exatamente porque só a pouco e pouco, à medida que os homens progridem, vão podendo melhor entendê-lo e melhor senti-lo?

 

Sim, Irmãos em Humanidade! É isso o que acontece! Somente à medida que vamos crescendo em inteligência, em dignidade moral, em pureza de sentimentos, em experiência da vida, em ciência e em técnica, vamos podendo, vagarosa, mas efetivamente, ir compreendendo melhor, e melhor sentindo o Espírito e a Mensagem do Cristo Divino!

 

Tão imensos são o poder e a sabedoria Dele, tão intraduzível o seu Amor, que Ele pôde produzir esse sublime milagre de nos revelar, sem ofuscar-nos, verdades eternas, de incontáveis faces, dosando-as de tal modo e com tanta propriedade, que pudessem ir sendo por nós compreendidas e assimiladas, sem pressa, sem traumas, sem imposições, sem inconvenientes, ofertando-nos um legado inesgotável de sabedoria e de amor, capaz de alimentar-nos e de enriquecer-nos para sempre!

 

Quantas verdades transcendentes e desconhecidas nos foram reveladas por Jesus e registradas no seu Evangelho Divino! E até que a palavra amorosa e sábia do Mestre nos esclarecesse, que idéia fazíamos de nós mesmos? Na pobreza de nossa imaginação, não passávamos de seres criados ao acaso dos caprichos de deuses indiferentes e cruéis, cuja benevolência precisávamos conquistar com sacrifícios e oferendas servis e cujas fúrias quase nunca se aplacavam senão diante do sangue inocente de nossos próprios filhos, que éramos constrangidos a imolar-lhes!

 

Libertando-nos definitivamente desse aviltante servilismo e elevando-nos à incomparável condição de filhos de Deus, Jesus nos revelou a amorosa paternidade do Deus Eterno e único, conscientizou-nos de sua onipotente bondade, de sua misericordiosa e infalível justiça, de sua presença onímoda e perene, ensinando-nos a elevar até Ele a força do nosso pensamento e a confiar com filial devoção na sua infatigável Providência!

 

Retificando velhos conceitos errôneos, filiados à nossa ancestral ignorância, convidou-nos a compreender que "Deus dá a cada um segundo as suas obras", estabelecendo em novas bases as nossas concepções de justiça.

 

Nos aspectos da saúde da Alma e do corpo não foi diferente.

 

No dia em que a Medicina conseguir detectar na mente a "causa causal' ou o núcleo controlador de todas as atividades e ocorrências biopsicofísicas, poderá inaugurar nova era para a saúde e o bem-estar dos povos; e através da terapêutica de eliminação do ódio e da cupidez, do orgulho e da intemperança, provará que Jesus estava certo quando garantiu a posse da Terra "aos mansos de coração".

 

A Sociologia e a Política, iluminadas pelo Evangelho, deixarão de perder-se no labirinto de complicadas teorizações inconcludentes e no abismo de dolorosas experiências de força, porque resolverão, com a simples aplicação da Lei do Amor, os aflitivos problemas sociais da infância abandonada, da velhice desprotegida, do racismo opressor, do pauperismo das massas, dos ódios de castas e de classes, da exploração econômica de grupos, da prostituição, do desemprego, do vício organizado, das violências oficializadas e das leis injustas.

 

A Filosofia, por sua vez, não pode queixar-se senão de si mesma, por não ter conseguido assimilar, até agora, as mais substanciais lições do Sublime Mestre. Se são ainda tão precários os conceitos filosóficos de ética, é porque os homens de pensamento não adquiriram bastante luz espiritual para realmente compreender a divina moral de Jesus, integral e eterna, definitiva e abrangente.

 

Em termos substanciais, a Moral não é relativa, não é mutável em função dos costumes, das culturas e das épocas. Um dia, os cultores da Filosofia entenderão que a "Moral Evangélica é padrão eterno", ao qual as outras formas transitórias de moral menor terão afinal de ajustar-se, porque as diferenciações, na dinâmica do progresso, não traduzem senão valores provisórios que não se podem confundir com os módulos estáveis do valor maior, definitivo e supremo.

 

Como mudarão os conceitos de Estética, quando o Bem for, no mundo, o soberano e único modelo de arte e de conduta!

 

Decerto cessarão as aberrações e as monstruosidades que se impõem desgraçadamente como formas consideradas hábeis de beleza, e que não passam de tenebrosas expressões de distorção mental e de grosseira destorção da sensibilidade.

 

Talvez seja, porém, nos domínios da Lógica que a maior revolução terá lugar, na era nova do "Evangelho Aplicado", porque o pensamento regenerado não mais adotará premissas mentirosas para chegar a falsas conclusões, rotulando tais descalabros com sinetes enganosos de insustentáveis silogismos.

 

Cessará, para felicidade de todos, os hábitos de se mascarar a verdade e de, por via de contemporizações com o erro, fazer 'claudicar a justiça".

 

Então, já não mais terão honras de doutrinas filosóficas as concepções negadoras da "paternidade de Deus e da dignidade humana", da superioridade do bem e da fraternidade universal, da supremacia do Amor e da soberania da verdade.

 

Dignificada e construtiva, a Filosofia não mais se prestará à fazer parecer honesto regimes políticos e sociais de ódio e de rapina, ou de movimentos escusos e perversos de subversão da moral e dos costumes. Será, isto sim, a grande propulsora das idéias nobres, alavanca de progresso, incentivadora generosa de sublimes conquistas do pensamento, para mais altos estágios de evolução e de grandeza.

 

Proclamando a paternidade soberana, única e universal de Deus, Jesus condenou a velha e enraizada instituição da escravatura; definiu a igualdade fundamental dos direitos humanos; igualou a mulher ao homem, libertando-a da pecha milenar de inferioridade biotipológica; reformulou o direito das obrigações, erigindo-o como árbitro justo de relacionamento entre irmãos iguais; aboliu os juramentos, por desnecessários, afrontosos e sacrílegos, indignos de seres responsáveis e merecedores de fé; eliminou as enraizadas concepções de estado de necessidade, como justificativa para crimes contra o próximo; estabeleceu nova luz para clarear o direito de propriedade, limitando-o exclusivamente ao bem comum, com total exclusão de qualquer egoísmo.

 

Como o Direito Humano está ainda longe desses princípios divinos de legítima fraternidade e verdadeira justiça!

 

Quantos dolorosos conflitos, quantas difíceis provações, quanta dor e quantas lágrimas ainda terão de acicatar o sentimento e a inteligência dos homens, para que eles finalmente entendam e aceitem as diretrizes evangélicas como normas ideais para suas instituições, a fim de terem alegria e paz em suas vidas!

 

Até lá, a sabedoria do Mestre continuará parecendo aos doutos juristas do mundo alguma coisa lírica e irreal, fantasiosa e inaplicável...

 

Enquanto, porém, houver sobre a face da Terra pobres e famintos, gente que chora e 'almas sem misericórdia", a palavra de Jesus não cessará de ecoar nas eternas Bem-aventuranças!

 

Por mais que demore, os princípios da força serão substituídos, no mundo, pelos da misericórdia, e os mandamentos da astúcia pelos da verdadeira justiça. Nesse dia, acima do Direito Público e do Direito Privado, do Direito de Sociedade e do Direito de Família, estará o Direito Divino do Amor Universal e Eterno, a reger a vida humana para o entendimento e a felicidade.

 

Então, a Religião não será mais objeto de exploração entre os seres humanos, nem instrumento de poder político ou de exacerbação de vaidades sociais. As preces, sentidas e sinceras, não serão comercializadas e os maiores dentre os irmãos serão invariavelmente os servidores de todos.

 

O divino legado de Jesus, que a Humanidade Terrena ainda não quis aceitar e não pôde receber, é o de um mundo feliz, de paz e amor, sem injustiças, sem miséria, sem orfandade, sem crimes e sem ódios, sem fratricídios e sem guerras, onde todos, solidários e progressistas, criarão a Beleza, desenvolverão a Ciência e as Artes, a Filosofia e a Técnica, com trabalho digno e repouso honesto, na nobreza do lar e na administração operosa e esclarecida.

 

Então

Reinarão na Terra a Ordem e a Paz,

O Amor Universal será Estatuto Divino e

A Terra pertencerá "aos mansos de coração"...